domingo, 30 de outubro de 2022

Uma pescadinha...

Podia ser velocidade furiosa todavia é apenas fantasma. A Velocidade. João Rebocho Pais escreve sobre o CNV que teve a sua quinta jornada do ano este fim-de-semana (quarta da época no Estoril). CN quê? Isso, CN quê! Originalmente publicado numa rede social, este texto merece a vossa atenção e aqui está no ESCAPE. 


Uma pesacdinha, De rabo na boca. Bancadas vazias no Campeonato Nacional de Velocidade (CNV). Quando em MotoGP temos um dos nossos a brilhar, que embalo aproveitamos? Quando o Mundial de SBK dispara nas audiências, o que fazemos para apanhar a boleia? O nosso CNV parece atrair a fantástica enormidade de zero seguidores. Tirando os familiares, óbvio. Bilhetes caros? Se para o paddock são 10€ para assistir os três dias e para as bancadas é mesmo a custo ZERO, então a resposta é não. Mas pensemos bem… 

Onde é que o grande público, a tal ‘malta da bola’, a tal que alguns neste meio parecem desdenhar, onde é que essa gente obtém informação acerca das competições em causa? Descontando os meios especializados, cujo raio de acção parece não superar a área de seus quintalinhos e rivalidades, como quem disputa a atenção dos distraídos transeuntes que ainda se passeiam por aquele deserto, a verdade é que o secretismo em torno deste campeonato parece coisa ao género de Clube de Bilderberg. E nem mesmo as pessoas que os leem são vistas em dias de corrida. 

Mais, se por um acaso alguém que passe no Autódromo em dia de provas decide entrar, chega à bancada, escuta o zumbido das motas na recta da meta, não faz a mais pequena ideia de quem corre, nem para o que corre, vê passar umas dez motas a fundo e diz para o filhote que o acompanha... ‘anda vamos embora que já chega’. Claro que chega. Aquilo é uma emoçãozinha de ver o cachopo encantado a cada dois minutos, menos um pouco, mas informação que é boa, viste-la, a que chega através dos altifalantes viaja num eco inaudível e sem chance alguma de ser entendida, o seu efeito é pura e simplesmente nulo. 


Falta muito trabalho e falta esse trabalho por parte de todos os envolvidos. Federação. Autódromo. Equipas. Pilotos. Patrocinadores. Imprensa desportiva. E se nas redes sociais vamos vendo, aqui e ali, esforços esporádicos e individuais para cativar novos espectadores, a verdade é que sem a presença nos jornais desportivos e sem um programa televisivo com informação clara e atraente, sem essas premissas, mais cem anos se passarão e as bancadas vazias continuarão, no que ao CNV e assuntos similares diga respeito. 

Num país com duzentos programas em torno da bola, de bola e de mais bola, seria assim tão difícil alguém com um mínimo de capacidade e influência, alguém com um pouquinho de visão de mercado, conseguir um espaço em que se oferecesse às pessoas a emoção desta modalidade? 

É que, se não me falha a memória, só de SPORT TV’s somos aviados de seis versões, por lá se repetem programas até à exaustão, mas informação acerca desta gente que luta e que sonha em chegar longe num mundo de exigência máxima e de custos quase proibitivos, informação dessa, nicles batatóide. E começo a duvidar seriamente que algo venha a mudar num futuro próximo. Se calhar o melhor é admitirmos que por cá não passamos disto e que na vizinha Espanha nos dão ‘déjazero’ nesta matéria e que até no chinquilho enchem pavilhões! 

Post-scriptum: percebi após vários comentários, que afinal na bancada paga-se. Faz sentido…, se à borla o panorama era já meio deprimente, a cobrança deste montante servirá para aniquilar as possibilidades de algum habitante por ali. Pela receita total, que se prevê que não ultrapasse os cem paus, só se for para alguém almoçar e ir de UBER para casa. Se calhar era bem empregue esse dinheiro…, na aquisição de um DESPERTADOR.

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