segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Voge 500 AC à prova

Neo-retro. Neo, exprime uma ideia de novidade, aquilo que é recente. Por sua vez retro traz consigo uma noção de movimento ou acção para trás (no tempo ou no espaço). No motociclismo a expressão neo-retro resume uma moto clássica moderna, o que não é bem a mesma coisa do que uma ideia de modernidade clássica, como tentamos explicar aqui já lá vão uns anos (link), a propósito do fenómeno bobber – o tempo passa rápido. 

Foto: Gonçalo Fabião

As motos clássicas modernas, isto é, motos que evocam nos seus Valores e Princípios a natureza de um tempo passado que, todavia, são pensadas e construídas à luz da tecnologia do presente, marcam cada vez mais a paisagem motociclista e vieram para ficar. 

Foto: Gonçalo Fabião

Esta 500AC é uma roadster de ar vagamente musculado, despida de qualquer elemento de protecção aerodinâmica, que tal como a sua irmã 500 DS - provada aqui (link) por este ESCAPE - monta num quadro tubular elementos de qualidade. O motor é um Loncin bicilíndrico em linha (Euro 5) com 471cc (47cv, 41Nm) podendo assim ser conduzida por cristão novos que chegam agora à “fé” do motociclismo. 

Foto: Gonçalo Fabião

As suspensões de acerto durinho são Kayaba (forquilha invertida na dianteira) e a travagem Nissin, sendo esta assistida por ABS Bosch. Ambas as jantes de 17’. Aqui na AC, face à DS, podem contar com embraiagem deslizante e mapa de injecção revisto. Honestamente não há aqui nada de realmente novo (e ainda bem, diríamos), todavia fiquem com a seguinte nota: a Loncin fabrica mais de cinco milhões de motores por ano, o que daria uma moto a cada dois portugueses, por ano. Esclarecidos? 

SIMPÁTICA E ATÉ ELEGANTE 
A imagem compacta da Voge 500 AC transpira simpatia. O bonito e generoso depósito de 19 litros de combustível assume aqui o destaque. As linhas são fluidas e bem acompanhadas pelo suave assento de inspiração clássica. Quanto a detalhes confessamos não morrer de amores pela solução de montar a matrícula sobre a roda deixando assim a traseira da moto limpa. 

Foto: Gonçalo Fabião

Nota positiva para a colocação e dimensão do radiador e para o guarda-lamas dianteiro recortado de clara inspiração customizada. Toda a sua iluminação é em LED, desde a ótica frontal ao farolim, passando pelos piscas. O painel de instrumentos é um TFT (completo e de fácil leitura) sendo que na parte traseira podemos encontrar uma tomada USB que pode eventualmente ser útil para carregarmos qualquer dispositivo electrónico.

Foto: Gonçalo Fabião

Para além de simpatia a Voge 500 AC transpira leveza e elegância. Os 200 Kg de peso em ordem de marcha são apenas um número e confirmamos isso mesmo nos primeiros quilómetros. Negociar a cidade é intuitivo com a AC e apenas ficamos a lamentar alguma ineficácia ao nível dos espelhos retrovisores. Uma brecagem algo insuficiente também pode dificultar algumas manobras quando o espaço é reduzido. 


Foto: Gonçalo Fabião

O guiador alto, largo e proeminente garante em conjunto com o banco uma posição de condução surpreendentemente eficaz ao nível do conforto e ao nível do bom desempenho na condução. Tudo parece correctamente desenvolvido não só para o dia-a-dia citadino como para uma saída atrevida pelas estradas mais ondulantes da região. Em estrada aberta esta Voge continua a surpreender e a oferecer belos momentos de condução. Motor vivo (preferíamos relações de caixa mais longas nas primeiras mudanças) e efectivo, suspensões com um acerto eficaz para condução mais rápida (que, todavia, revelam conforto em mau piso) e uma travagem inquestionável. Os bons pneus Pirelli Angel GT são também nota de destaque, pois de nada serve um bom conjunto sem bom contacto com o asfalto. 

O CHARME DA INQUIETUDE 
A Voge 500 AC demonstrou ser uma moto inclusiva que não nasceu para viver na garagem de um neófito motociclista e sim na vida de um qualquer um de nós, motociclista. Os mais jovens vão apreciar a sua inquietude, as miúdas adorarão o seu charme e os mais experientes o encanto das coisas simples. É a segunda Voge que este ESCAPE prova e a sensação é de que…, uma cá em casa ficaria mesmo bem. 

Foto: Gonçalo Fabião

À vontade de ter este conjunto harmonioso e eficaz não é alheia a economia. A Voge 500 AC exigiu cerca de quatro litros e meio de ouro líquido inflamável por cada cem quilómetros de viagem urbana e suburbana cheia de estilo, exigindo a marca por esta bela e deliciosa cinzentinha uma transferência bancária de 6.695€.

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