segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Triumph Tiger 1200 Rally Explorer à prova

Neste ESCAPE costumamos afirmar que a Triumph Tiger é muito mais que uma moto: é uma Lenda Viva absoluta. Convém recordar que são cerca de oitenta e cinco anos (85!!!) de Triumph Tiger (link). E para comemorar uma década do lançamento da Tiger 1200, a marca britânica decidiu ir bem além de uma mera actualização da sua referência. 

Foto: Gonçalo Fabião

A Triumph Tiger 1200 chega a 2022 como uma moto praticamente nova, muito mais leve e ambiciosa. A marca não faz por menos e tem por objectivo entregar aos seus clientes todas as vantagens do melhor dos diferentes mundos do motociclismo. A nova Triumph Tiger 1200 assume-se frontalmente como a derradeira moto de aventura e ninguém na marca esconde que o alvo é a BMW R 1250 GS. 

Foto: Gonçalo Fabião

Keep it simple? Sim! Foi também o que a marca fez ao rever o nome das novas Tiger 1200. São então cinco novos modelos. Três são estradistas puras (jante 19’’ em liga na dianteira): GT, GT Pro e GT Explorer. Os dois modelos restantes que completam a gama têm algumas características mais adaptadas ao fora de estrada (jante 21” na dianteira e maior curso de suspensão): Rally Pro e Rally Explorer. De sublinhar que todas montam jantes de 18” na roda traseira e os dois modelos Explorer (GT Explorer e Rally Explorer) montam soberbos depósitos de combustível de 30 litros em vez dos 20 litros das versões standard. 

Foto: Gonçalo Fabião

Afinal que moto é que vamos aqui provar, pergunta o leitor atento: provamos a Triumph Tiger 1200 Rally Explorer de jante 21’’ na roda dianteira e depósito bíblico de 30 litros de combustível, uma moto talhada para ter como sentido e alcance uma verdadeira dimensão planetária: vamos para a estrada, venham connosco. 

SOFISTICADA E ROBUSTA 
A 1200 Rally Explorer monta num quadro em aço tubular com apoios em alumínio e sub-quadro aparafusado também em alumínio o motor tricilíndrico (150 CV, 130Nm) agora dotado da nova cambota com configuração denominada “T-Plane” que aproxima a unidade motriz do funcionamento de um V2, novo braço oscilante Tri-link (substancialmente mais leve que o anterior) que incorpora as vantagens de um veio de transmissão de baixa manutenção. Este conjunto é parado por pinças Brembo Stylema conjugadas com uma bomba central dos travões Magura e ABS de origem Continental com função de auxílio em curva. 

Foto: Gonçalo Fabião

Enorme destaque para as novas suspensões Showa semi-activas (standard em toda a gama) que para além de realizarem uma constante modelação da compressão e extensão – trabalho que a marca afirma ser elaborado ao milissegundo – tem associadas as funções de anti afundamento na travagem, ajuste automático da pré-carga e controlo de transferências de massa (denominado sistema skyhook). Contem ainda com um novo painel de informação TFT de 7’. O conjunto pesa 260Kg com depósitos cheios. 

O CASTELO ANDANTE 
Hayao Miyazaki. Quem? Co-fundador do Studio Ghibli, escritor, argumentista e acima de tudo mestre do cinema japonês de animação. “A Viagem de Chihiro” é uma verdadeira obra-prima e é cinema absolutamente obrigatório para quem gosta da Arte. Mas o mago nipónico da animação tem outras obras ímpares, entre elas, O Castelo Andante. Ali conhecemos Sophie, uma típica adolescente de 18 anos, que vê a sua vida virada do avesso quando se cruza acidentalmente com o misterioso e belo feiticeiro Howl. Sophie é transformada numa mulher de 90 anos pela vaidosa e perversa Bruxa do Desperdício. Ao embarcar numa incrível odisseia para quebrar a maldição, Sophie encontra refúgio no castelo andante de Howl. E é ai que encontra a Liberdade. O filme está cheio de meta mensagens como todas as obras de Miyazaki. E lembrei me dele aos comandos da Triumph Tiger 1200 Rally Explorer. Uma moto que é um verdadeiro Castelo Andante onde procuramos libertação. 

As linhas agressivas e a dimensão exuberante desta fortaleza causam impacto imediato. Ainda na urbe, os primeiros quilómetros revelam equilíbrio; todavia, sejamos honestos, rapidamente entendemos ser necessária cautela acrescida para saber onde vamos colocar a moto, onde a vamos meter, onde a vamos parquear. O novo motor tricilíndrico demonstra que sabe ser suave ao mesmo tempo que nos sussurra que devemos procurar outro tipo de espaços que não a cidade se queremos alcançar a Liberdade prometida. 

EFICÁCIA DESCONCERTANTE 
Ao arrepio de outras versões da Triumph Tiger 1200, a posição de condução revela-se extremamente adequada, o encaixe na moto transpira conforto e de depósito atestado estamos prontos para enfrentar o planeta. Na estrada a ciclística impressiona pela sua inquestionável precisão, as suspensões Showa semi-activas fazem com que busquemos as irregularidades do asfalto na busca de abalar um acerto desconcertante. Não é possível: o comportamento de todo o conjunto rapidamente nos faz esquecer que estamos aos comandos de uma sólida fortaleza. O Castelo anda. E voa baixinho inequivocamente agarrado ao asfalto. 

Foto: Gonçalo Fabião

Quando o alcatrão termina continuamos a ter moto para desbravar o mundo. Os Metzeler Karoo são apenas mais um elemento de muita qualidade nesta moto e permitem atacar o estradão quase com o mesmo à vontade com que negociamos antes o asfalto. Não contem, obviamente, nesta 1200 Rally Explorer com uma leve e fofinha moto para andar aos pulos e saltos. Contem sim com um conjunto que vos vai deixar com muita vontade de procurar as estradas não asfaltadas mais exóticas do planeta. 

FORTALEZA (TAMBÉM) DIGITAL 
A Triumph Tiger 1200 Rally Explorer assume-se também como uma fortaleza digital. Sublinhamos que a natureza das suspensões Showa semi-activas são mais do que garantia de conforto, uma certeza de segurança. Aqui vão ainda encontrar seis modos de Condução - Rain, Road, Sport, Off Road, OffRoad Pro e por último o modo Rider totalmente parametrizável. Contem também com um bem afinado Quickshift que não se baralha com transmissão final por veio. Cereja no topo do bolo eletrónico é o radar traseiro que avisa nos retrovisores da proximidade de um veículo em ângulo morto – extremamente útil. 

Foto: Gonçalo Fabião

Com excepção da necessária adaptação do condutor às dimensões da nova Tiger 1200 Rally Explorer – própria da natureza das coisas – por mais que busquemos, não encontramos aqui pontos fracos, aspecto que começa a ser transversal a toda a gama Triumph. Não tendo encontrado vibrações indesejáveis, acreditamos contudo que é ainda possível evoluir mais e melhor a electrónica ao nível do desempenho do novo motor “T-Plane” que se reclamou seis litros de ouro líquido inflamável por cem quilómetros de planeta conquistados, solicitando a marca por esta Snowdonia White mega equipada uma transferência bancária de 24.100€.

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