domingo, 13 de janeiro de 2019

Oitava Tertúlia do Escape


Não há que ter receio das palavras. A MOTODIANA aceitou o desafio para receber a oitava tertúlia do ESCAPE e…, tivemos uma tarde absolutamente memorável. 

Apesar dos inúmeros eventos motociclisticos que se realizavam durante o fim-de-semana, foi sem receio que este ESCAPE decidiu desafiar o concessionário Honda em Évora para acolher uma tarde para discutir motos, motociclismo e viagens. 

Para além do ESCAPE (que viajou de Lisboa), da Batalha vieram a Patrícia e o João autores do blogue Quilometro Infinito (link) - já presentes na Tertúlia no verão passado (link) - e dos arredores do Porto vieram a Petra e o Sérgio, viajantes passionais e autores de uma das mais estimulantes contas de instagram que vão encontrar por cá (@wanderlust.africatwin). 

Foi, honestamente, sem surpresa que – apesar da Liga ter agendado um jogo de futebol dito grande precisamente para a mesma hora da Tertúlia – a MOTODIANA se encheu com perto de uma centena de tertulianos. Gente da Região de Lisboa, do Algarve e até de Madrid veio ter connosco o velho amigo José Matias. 


Por um par de horas o espaço da oficina - bolas…, que local épico…, que melhor local a Tertúlia podia encontrar para falar de motociclismo do que o espaço de uma oficina? – transformou-se em auditório e viajamos por esse mundo fora à boleia da energia contagiante da Patrícia, do João, da Petra e do Sérgio. 

Obrigado, muito obrigado a todos. À MOTODIANA que nos recebeu de braços abertos e preparou “aquele lanchinho” que tão bem soube, ao Quilometro Infinito, ao Wanderlust.Africatwin e, sobretudo, a todos os que se descolocaram até Évora para nos ouvir e connosco partilhar as suas ideias. 

A Tertúlia promete voltar em breve!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

A estrada, a moto e o telefone esperto – Estrada Nacional 9

Quanto mais me embrenho nesta verdadeira saga que consiste em identificar e calcorrear as “outras estradas” - como agora vergonhosamente lhes chamam -, mais me apaixono por este trabalho e maior é o respeito que cultivo por todos aqueles que no passado desenharam e concretizaram o Plano Rodoviário Nacional de 1945 (link). Em tal plano a Estrada Nacional 9 (N9) assumia-se, e assume-se ainda hoje, como uma verdadeira e importante circular regional exterior de Lisboa. 

portugal estrada nacional 9 bmw f750gs bmwf750gsA N9 parte de um dos limites da nossa bem conhecida Vila de Cascais. E parte daquela que deve ser a mais “betinha” e “enervadinha” rotunda da Região de Lisboa – a rotunda de Birre, também denominada de “rotunda do Burger King”. Num espaço exíguo, todos os dias milhares de apressados condutores tentam desembraçar-se o mais rapidamente daquele que nem sonham ser o início de uma estrada maravilhosa. 

Assim que nasce, a nove, rapidamente se descaracteriza em auto-estrada, sendo necessário procurar o traçado original para saudar a verdadeira Catedral que é ainda hoje o belíssimo autódromo do Estoril. O caos que era este troço de estrada até Sintra foi solucionado pela A16 – é para isso que servem as vias rápidas – e já que aqui estamos é impossível não fazer o curtíssimo desvio até à eterna Sintra. 

Durante muito tempo um santuário real, o seu terreno arborizado está edificado de quintas e palácios em tons de pastel. Para além da doçaria tradicional – queijadas e travesseiros - a Vila de Sintra é notável pela presença da sua arquitectura romântica, resultando na sua classificação enquanto Paisagem Cultural de Sintra, Património Mundial da UNESCO e tem recusado ser elevada a categoria de cidade. 

De barriga composta, seguimos para Norte. E só nos livramos da horripilante paisagem suburbana totalmente descaracterizada após Montelavar, no suave vale do pequeníssimo Rio Lizandro que cruzamos na “amorosa” povoação de Cheleiros. 

De Cheleiros a Mafra vão poucos quilómetros. Aqui voltamos a marcar encontro com a abundante história e gastronomia portuguesa e, com tantos sinais (caso ainda não o tivéssemos feito), começamos a entender a riqueza e importância desta Nacional 9. 

Da Vila de Mafra a estrada segue ao sabor do terreno, com a maresia vinda do mar da Ericeira como moldura, até rumar a Oeste para Torres Vedras. Querendo alguma animação extra é sempre possível fazer um pouco de batota, abandonar a 9 para disfrutar das curvas da 9-2 que nos levam ao Codeçal e ao Gradil, tudo nomes conhecidos do mítico Rali de Portugal Vinho do Porto que nunca mais será o que foi.

De uma ou outra forma acabamos por cruzar Torres Vedras, que se transformou com chegada da A8 - como ficou dito aqui (link) - em mais um entediante dormitório de quem trabalha em Lisboa. 

Ao deixarmos para trás a “capital do Oeste”, a N9 recupera o seu charme muito próprio quando rompe as vinhas nas suaves colinas da Carvoeira. Estas e a bucólica Aldeia Galega da Merceana - rodeada de quintas e terrenos de cultivo que circundam o núcleo habitacional consolidado por uma arquitectura também ela medieval – abrem caminho para o grande final da Estrada Nacional 9, um troço de cerca de quinze quilómetros de curvas e contracurvas desenhada ao sabor do relevo e que nos embalam até Alenquer.

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Quem, o quê, onde, como, quando e porquê – não necessariamente por esta ordem… 


A Estrada Nacional 9 não é mas podia muto bem ser conhecida por antiga CREL – Circular Regional Exterior de Lisboa. Está localizada no distrito de Lisboa e liga Cascais a Alenquer. Tem o seu inico não muito longe do ponto onde termina a Nacional 6 (link), Marginal, e o seu terminus em Alenquer quando encontra a Nacional 1 (link). Entre Alcabideche e o Autódromo do Estoril e entre Penaferrim e Lourel a Nacional 9 partilha o traçado com a A16. Foi por este ESCAPE percorrida no final mês de Dezembro de 2018 aos comandos de uma BMW F 750 GS que gastou quatro litros e meio daquele líquido inflamável de que tanto gostamos. A N9 é credora do nosso respeito. É um percurso pitoresco que dá um longo e suave abraço à Grande Lisboa, desde o oceano atlântico até às belas encostas vínicas do Oeste. Num qualquer pais anglo-saxónico este fascinante percurso rico e pleno de vida, seria um belo roteiro turístico com enfase na longínqua história que cruza. Também por aqui o turismo não mora e assim se perde valor, muito valor.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Dakar 2019 as perguntas de sempre

A antevisão ao Dakar 2019 por João Carlos Costa, jornalista e comentador Eurosport, é boa demais para se perder rapidamente numa linha do tempo de uma página de rede social. Com a sua devida autorização aqui a trago. Merece a vossa atenção. O Eurosport 1 irá acompanhar diariamente o Dakar até dia 18, sempre às 22h00. 


Esta é a décima viagem por terras da América do Sul, talvez a última, com a Arábia Saudita, quem sabe a Argélia, no horizonte. Um evento único na história da “aventura extrema de Thierry Sabine”, pois pela primeira vez realiza-se num só país. Com as mudanças políticas no Chile, a crise económica na Argentina e a falta de entendimento com Ivo Morales para a manutenção da Bolívia, a ASO acabou por ficar apenas (e tardiamente) com o apoio do Peru. Não teve outra solução se não “depenar o bicho” da melhor maneira, juntando-lhe um “recheio” bem saboroso. Pelo menos assim parece antes de ser “esquartejado”... 

Feitas as contas, o Dakar 2019 tem a menor quilometragem total (aproximadamente 5600 km) e de troços cronometrados (quase 3000 km) de sempre. No fundo, pode ser o início de uma nova Era, com a maior competição TT do Mundo a diminuir número de dias e a quilometragem, para satisfazer novos "públicos".

O desafio ao longo das 10 etapas será enorme. Muita areia, muitas zonas de montanhas dunares. Será preciso uma enorme forma física, conhecer bem as técnicas de ultrapassar dunas (pressão de pneus e zona de “ataque” ideais) e ser muito forte em navegação. Todos os dias terão grandes dificuldades para resolver e não haverá as habituais etapas de transição. 

E as perguntas de sempre são: será desta que a KTM perde? E se acontecer, será para a Honda, para a Yamaha, quem sabe até para a Husqvarna? Ou mais uma vez, tal como acontece consecutivamente desde 2000, serão as “austríacas” a ficar com os louros de um 18º triunfo? E será desta que ganha um português, depois de vários pódios de Hélder Rodrigues, Ruben Faria e Paulo Gonçalves?

Não é fácil dar respostas. Com base nos resultados do Mundial Todo-Terreno, existe uma real igualdade entre as quatro marcas. Nos últimos anos, tem acontecido o mesmo e o Dakar acaba por ser sempre uma festa laranja. 

Quanto aos portugueses, com Hélder e Ruben remetidos a papéis de conselheiros na Honda (onde Bianchi Prata se ocupa da logística), cabe a Paulo Gonçalves tentar o triunfo luso, ainda que, há menos de um mês, tenha passado pela mesa de operações para remoção do baço. Mais que a falta de forma física, pois tem treinado, é estar mais exposto a contrariedades infecciosas. 

Seguro é que vamos ter enormes batalhas face ao cronómetro e, ainda mais, tácticas. As posições à partida de cada etapa (e a forma como os pilotos da mesma marca podem ajudar o chefe-de-fila), bem como as maiores ou menores dificuldades na navegação que dai resultem, serão de gestão absolutamente fundamental. Atrevo-me a dizer que, face a este plantel, e ao percurso de menos de 3000 km, quem perder meia hora pode estar fora da luta. Mais ainda: após dois ou três dias, acredito que as marcas na luta pelo triunfo serão tentadas a definir um verdadeiro “ponta de lança”, a quem será incumbido marcar o “golo da vitória”. Só que é o Dakar. Nesta maratona TT, o que é verdade hoje, pode não o ser amanhã. Nos últimos anos, as quedas têm sido quase sempre o factor decisivo na definição do primeiro lugar do pódio, muito mais que a resistência mecânica ou a performance das motos... 

KTM. Em equipa que ganha não se mexe e a KTM fez isso mesmo. Conta com os vencedores das três últimas edições (2016, o australiano Toby Price; 2017, o britânico Sam Sunderland; 2018, o austríaco Matthias Walkner. O argentino Luciano Benavides e o “nosso” Mário Patrão surgem como “aguadeiros” de luxo, enquanto a espanhola Laia Sanz tenta levar o estandarte da feminilidade ao top 10. A 450 Rally voltou a evoluir e está pronta para todos os desafios nas dunas peruanas. Pessoalmente, acho que os vencerá... 

A Honda acredita que é desta. A CRF 450 Rally foi sendo melhorada e ganhou provas do Mundial, neste tipo de terreno sul-americano. Com Paulo Gonçalves ainda a recuperar, pese embora dono de uma força anímica sem par, será normal considerar o argentino Kevin Benavides (2º em 2018) como o maior candidato da marca nipónica, junto com o espanhol Joan Barreda, desde que consiga, de uma vez por todas, juntar velocidade ao evitar quedas “destrutivas”. Basta ver que Barreda venceu 22 troços em oito Dakar, mas tem como melhor resultado um 5º posto em 2017. O americano Ricky Brabec e o chileno Ignácio Cornejo, que substituindo Paulo Gonçalves à última da hora em 2018 terminou em 10º, completam a forção oficial da Honda. 

A Yamaha parte confiante. Os resultados da primeira semana, no Peru, na edição anterior, deixam boas perspectivas para os pilotos das WR450F. Adrian Van Beveren quer repetir o assalto à liderança onde chegou em 2018 antes da queda na 10ª etapa. Xavier de Soultrait também mostrou ser capaz de andar na frente. Os dois franceses têm a companhia do australiano Rodney Faggoter e de Franco Caimi. O argentino esteve em dúvida até ao último momento, mas recuperou a tempo da fractura no fémur sofrida em Marrocos. 

No campo da Husqvarna, também houve incerteza quanto à presença de Andrew Short. O americano, ex-rei do Supercross, acabou por não faltar à chamada e vai secundar o duplo campeão do mundo TT, Pablo Quintanilla aos comandos das FR 450 Rally. O chileno andou na luta pela vitória em 2018 e é um verdadeiro candidato. O mexicano Carlos Gracinda e o italiano Jacopo Cerruti são os “ajudantes de serviço”. 

Os indianos da Hero voltam ao Dakar com as Speedbrain 450 Rally e aí vamos encontrar o terceiro português inscrito por uma equipa oficial. Joaquim Rodrigues Jr quer esquecer a queda da 1ª etapa no ano passado. Está, sim, desejoso de lutar pelos melhores lugares. A moto parece capaz, como comprova a posição que ocupou no final da prova de 2017 (antes da penalização que o fez descer para 12º) e também o sétimo posto de Oriol Mena na edição anterior (então o melhor rookie). O espanhol volta a ser parceiro do português na Hero, tal como o indiano CS Santosh. A fechar as equipas oficiais nas duas rodas, temos os franceses da Sherco TVS 450 RTR, com Adrien Metge a receber o reforço do irmão mais velho (e ex-piloto Honda), Michael Metge. 

Dos outros, há sempre que contar com o eslovaco Stefan Svitko (KTM), 2º em 2016, o compatriota Ivan Jakes (KTM), e o espanhol Juan Pedrero (KTM), sem esquecer o argentino Diego Duplessis (Honda) e o boliviano Daniel Nosiglia (Honda). No campo nacional, muita atenção às estreias de pilotos como o campeão nacional António Maio, ou Sebastain Buhler. Um Top 25 seria óptimo, posições que David Megre e Fausto Mota também sonham, ainda que para todos o mais importante seja regressar a Lima, no final da prova. Mais ainda, esse será o objectivo de Miguel Caetano e Hugo Lopes.

domingo, 6 de janeiro de 2019

Tertúlia do Escape em fuga pelo Alentejo

A Tertúlia do Escape nasceu em 2017. Ao fim de sete deliciosas edições, todas diferentes e únicas, continua a fazer sentido recordar os pressupostos do conceito. Tertúlia é na sua essência uma reunião de amigos, familiares ou simplesmente frequentadores de um local, que se juntam de forma mais ou menos regular, para discutir vários temas e assuntos. Nas Tertúlias do Escape pretende-se discutir motas, motociclismo e viagens. À maneira antiga. Longe dos teclados, cara a cara e com uma cafezada por companhia. 


No ano passado a Tertúlia do Escape deu um o salto qualitativo e quantitativo. Podem recordar aqui (link) as diferentes edições. Na última delas, mesmo a fechar o ano, tivemos connosco o Manuel Portugal (link). Motociclista, artista da guitarra, um dos dinamizadores do cada vez melhor Lisbon Motorcycle Film Fest mas, sobretudo, um caso à parte no que à fotografia de motos se faz por cá. Com o Manuel perdemo-nos suavemente em palavras, memórias, pequenas histórias e conhecimento. Nesse dia prometemos regressar em breve, logo no início do ano, e cá estamos a cumprir a promessa. 

A oitava Tertúlia do Escape vai então ser em modo “fuga para o Alentejo”. Vamos sair de Lisboa e dos seus arredores, andar de moto, respirar algum ar saudável e visitar Évora, aquela que muitos consideram ser a capital alentejana. A MOTODIANA, concessionário Honda da região, reconhecidamente especializado em Goldwing, aceitou muito simpaticamente o desafio de nos receber. 

À habitual excelente hospitalidade da MOTODIANA, e a este ESCAPE, vão se juntar dois fantásticos casais de motociclistas. A Patrícia e o João autores do blogue Quilometro Infinito (link) - já presentes na Tertúlia no verão passado (link), tendo sido na altura inexcedíveis na partilha e contagiantes na alegria com que fazem do mototurismo um capítulo de saber viver – e a Petra e o Sérgio, viajantes passionais e autores de uma das mais estimulantes contas de instagram que vão encontrar por cá (@wanderlust.africatwin) e que vai muito além das bonitas imagens. 

É, digamos, um cartaz de luxo. Patrícia, João, Petra e Sérgio, viajaram recentemente, por exemplo, de Portugal até ao Cabo Norte na Noruega e, esse destino que a tantos faz sonhar, pode muito bem ser o ponto de partida para uma excelente tarde a conversar sobre motas, motociclismo e viagens. 

É já no próximo sábado, dia 12 de Janeiro, e estão todos convidados para aparecer a partir das 15h30 na MOTODIANA que fica na Rua da Industria, 9 – Bº da Torregela – 7005-363 Évora (GPS: 38°33’41.2″N 7°55’30.8″W). É a não perder e todos são bem-vindos. Venham dai!

sábado, 5 de janeiro de 2019

Como vai ser a grande manifestação de motociclistas no dia 3 de Fevereiro

Acaba de ser divulgada na página de facebook do Grupo de Acção Motociclista a informação que todos desejavam. 

Vamos reivindicar uma classe de portagens para motos com valores inferiores a 50% da Classe 1. 

Vamos reivindicar a redução do IUC.

Vamos reivindicar uma redução do preço dos combustíveis. 

Às 10H00 do próximo dia 3 de Fevereiro partem simultaneamente do Norte e do Sul duas manifestações de motociclistas que se vão juntar à entrada de Lisboa. 

Motociclistas do Norte partem às 10h00 da Área de Serviço da Antuã na A1. 

Motociclistas do Sul partem às 10h00 da Area de Serviço de Almodovar na A2. 

Vamos seguir pela A1 e A2/A12 até LISBOA a uma velocidade entre 40 e 60km/h e as duas “caravanas” de motos vão sincronizar-se de modo a chegarem simultaneamente juntando-se na entrada Norte de Lisboa (Encarnação). 

Os Motociclistas das diferentes regiões do país que não integrem e acompanhem a manifestação desde o seu início (Antuã e Almodôvar) concentram-se nas diversas Áreas de Serviço ao longo da A1 e A2/A12 esperando aí para se juntarem à manifestação. 

O GAM vai ter elementos identificados em todas as Áreas de Serviço; estes estarão permanentemente informados do desenrolar da manifestação. Em Lisboa vamos concentrar-nos na Praça dos Restauradores. 

Há um ano, com a manifestação do dia 18 de Fevereiro 2018, conseguimos parar a anunciada implementação das inspeções e a intenção de se retirar a equivalência da Licença de condução B e A1 (125cc); demonstrámos ao país a nossa capacidade de mobilização enquanto cidadãos/motociclistas, na participação activa em questões fundamentais a uma sociedade mais justa para todos.

Fazendo uso responsável do direito à manifestação, podemos alterar o rumo das coisas. No próximo dia 3 de Fevereiro, volta a ser muito importante a participação dos motociclistas na importante jornada de defesa dos seus interesses e do que é justo. 

Se acha injusto uma moto pagar o mesmo que um automóvel nas portagens, se acha injusto uma moto com 27 anos pagar de IUC o mesmo que uma moto nova e se acha injusto que em 40 euros que pague de combustível, 25 sejam impostos, então… no dia 3 proteste e participe!

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Feliz ano velho

Os dados que aqui se apresentam são oficiais. E, sublinho, referem-se a matrículas de motociclos novos (>125cc). Isto é, motociclos até 125cc – como por exemplo as cada vez mais populares scooters que podem ser conduzidas com carta de ligeiros – não estão incluídos nos números apresentados no quadro infra. 

E tais números oficiais, que dizem respeito aos primeiros onze meses do ano terminado - fica apenas a faltar Dezembro para fechar as contas anuais – revelam a confirmação da tendência aqui (link) anunciada. Globalmente o mercado deu sinais muito positivos crescendo mais de 20%. 


Destaques. Honda a reforçar a liderança, Yamaha em segundo lugar e a crescer mais do que o mercado, Benelli a ameaçar a última posição do podium e a duplicar as vendas face a 2017. 

Nota ainda positiva no top ten para três europeias: KTM, Ducati e Husqvarna. Menos bem neste feliz ano velho estão BMW, H-D e Triumph ao não conseguirem acompanhar o ritmo de crescimento. 

Deixem me ainda destacar o importante crescimento da Royal Enfield que, penso eu, nunca terá vendido tanto em Portugal como no ano que passou. Se em termos absolutos os números ainda são modestos, o crescimento relativo desta nova vida do clássico emblema anteriormente britânico é fortíssimo. E digo mais, penso que em 2019 vamos ouvir muito mais os motores indianos a trabalhar, inclusive aqui neste vosso ESCAPE. 

Que o mercado em 2019 mantenha este interessante crescimento e, se possível, o reforce!

domingo, 30 de dezembro de 2018

MV Agusta Turismo Veloce 800 Lusso à Prova

Há quem pense que as motos são só e apenas isso: motos. Não. E esta é daquelas que não nos dá margem de manobra. São horas de contemplação, até que a vista nos doa. É sempre a mesma cantiga quando o nosso olhar se cruza com as belas, detalhadas e muito próprias linhas de uma italiana deslumbrante. A Turismo Veloce 800 Lusso não é excepção, pelo contrário. 

teste ensaio review prova mv agusta turismo veloceJá depois de a abraçar, a primeira sensação é de surpreendente encaixe perfeito. Nem sempre assim é quando de uma Agusta se trata e aqui começa o sorriso depois do espanto. 

Os primeiros metros, ainda em solo citadino, revelam fluidez e desenvoltura. E algum excessivo calor vindo do motor provocado pela velocidade caracol imprimida pela patética azafama do trânsito natalício. 

A diária deslocação urbana ou mesmo suburbana não é o terreno para que foi pensada e construída esta Meccanica Verghera Agusta. Seria pois necessário leva-la “a sair para fora de pé”, para longe da azafama lisboeta. Assim, desafiei-me e desafiei a Turismo Veloce 800 Lusso para uma espécie de “Grande Boucle” audaciosa que incluía diversos tipos de “terreno”. Em traços gerais abandonei a Grande Lisboa pelas N374 e N8 rumo ao Oeste até à foz do mondego na Figueira; daqui N111 até aos arredores de Coimbra, IP3 até Penacova, Nacional 2 até ao cruzamento onde nasce aquela que vou baptizar humoradamente de Grossglockner tuga, a N112 , que me conduziu até Castelo Branco e daqui, enfim, de regresso a casa. 

Os 650 (seiscentos e cinquenta) quilómetros percorridos num ritmo de absoluto “sport turismo”, revelaram uma moto totalmente apta a estas valentes andanças. Fortíssimo destaque para o conforto superior, para o qual contribui uma posição de condução correta (tendencialmente perfeita), os punhos aquecidos (nunca usei tanto como nesta Prova este detalhe) e o “cruise control”. Apenas a protecção aerodinâmica oferecida pelo ecrã ajustável não tem nota excelente. 

Destaque ainda para o comportamento de todo o conjunto em especial da ciclística absolutamente irrepreensível e competente. O tricilindrico que debita 110 cv (monta uma cambota de tecnologia inspirada no Moto GP que roda no sentido contrário da rotação das rodas, o que faz com que a moto seja mais fácil de mergulhar em curva) é viciante, e passar de caixa com auxílio do “quickshift” - aqui denominado de SCS (Smart Clutch System) - é um perfeito gozo, ficando apenas a faltar umas notas mais graves ao sistema de escape. 

No fim deste intenso dia fiquei totalmente esclarecido. Sim, é possível! É possível fazer turismo, com charme e classe, numa moto com cabeça, tronco, membros…, alma e coração de desportiva.

A eficácia, o requinte e a exclusividade, como todos sabemos, custam dinheiro. Aqui não há excepção. E para fazer mototurismo em ritmo veloz será necessário desembolsar 19.500€ para tirar esta sedutora italiana do stand. Só o assim – o preço – se justifica que esta moto derreta tão poucos corações.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Limalhas de História #67 – 26 de Dezembro de 1978

Thierry Sabine, motociclista aventureiro, perdeu-se no deserto do Ténéré em 1977 durante o Rally Abidjan-Nice. Nesses dias terá “sonhado” com algo ainda maior e mais dramático. Algo que fosse “um desafio para os que partem, um sonho para os que ficam”. 


Faz hoje exactamente quarenta anos! Paris. França. Arrancava para a estrada a primeira edição daquela que para muitos é a mais dura prova do mundo.  O denominado “Oasis Rally”, à época,  arrancava rumo a Dakar com uma caravana de cento e oitenta e dois participantes, dos quais noventa motociclistas, que encontraram mais de 12.000km de pistas, deserto e risco, muito risco. 

Esta primeira edição da maratona viria ser vencida pelo “baixinho” Cyril Neveu, aos comandos de uma ágil Yamaha XT500, monocilíndrica, de apenas 32Cv e 140Kg de peso.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Tertúlia do Escape por trás da lente de Manuel Portugal

Temos as sete maravilhas do mundo, a sétima arte e os sete sábios da Grécia. São sete as propriedades da matéria, os pecados capitais e as virtudes divinas. A Branca de Neve tem sete anões e as botas, regra geral, servem para sete léguas. Podíamos navegar durante os dias que nos restam pelos sete mares, ou a subir e descer as sete colinas lisboetas. Certo é que mais vale estar fechado a sete chaves do que debaixo de sete palmos de terra.


Há ainda quem diga que o número sete (7) representa a totalidade, a perfeição, a consciência, a intuição, a espiritualidade e a vontade. O sete simboliza também conclusão cíclica e renovação.

A viajar? Eu estou com tanta brincadeira de palavras. Foi o que fizemos ontem na Tertúlia do Escape edição número sete. Com a presença do Manuel Portugal e de quase quatro dezenas de tertulianos - fortíssima presença feminina que enfrentou a noite fria e até chuvosa – perdemo-nos suavemente em palavras (de imagens está o inferno cheio), memórias, pequenas histórias e conhecimento. 


Foi muito bom encerrar um ano de magnificas tertúlias com todos vós por perto, desde o Zé, o primeiro motociclista que conheci, em 1991 – porra, já lá vão quase trinta anos?!? – até aqueles que vou vendo agora pela primeira vez. Muito obrigado a todos em especial ao Paulo e à sua cada vez mais acolhedora Rod’aventura e, naturalmente, ao Manuel Portugal que nos dá tanto há tantos anos com a sua lente magica.

Notem. A Tertúlia vai voltar já no início de Janeiro e vai viajar também ela para fora da sua zona de conforto. Fiquem atentos. Até lá: andemos de mota!

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

A estrada, a moto e o telefone esperto – Estrada Nacional 8

portugal estrada nacional 8 honda crf1000l africa twin adventure Ponto prévio. Não, não se trata de engano. Não há aqui nenhum salto no vazio ao passar da 6 (link) para a 8. Sucede que a Estrada Nacional 7 há muito que deixou de existir. O Plano Rodoviário Nacional de 1945 (link) designava da seguinte forma a Nacional 7: “Lisboa – Estoril (auto-estrada)”. Ora, como sabemos, no presente, a autoestrada que liga Lisboa ao Estoril leva o nome de A5 e o Viaduto Duarte Pacheco acaba por ser o derradeiro vestígio da antiga Estrada Nacional 7 - viaduto de acesso a Lisboa que começa no final da Serra de Monsanto, atravessa o Vale de Alcântara, indo terminar em Campolide; O viaduto é um viaduto bonito, obra de arte clássica de Lisboa, mas não tem dignidade de um “a estrada, a moto e o telefone esperto” só para ele. Ainda assim fica a nota – que já vai longa, aliás. 

Depois da ligação profundamente afectiva que tenho pela Nacional 1 – que pode ser recordada aqui (link) -, a Estrada Nacional 8 (N8) ocupa claramente um honroso segundo lugar no meu coração. E como lá (link), aqui a culpa também é do meu Pai e do velho Carocha 1300 GA-39-96, amarelo – tinha-me esquecido de sublinhar que era amarelo – e das lentas e intermináveis “voltinhas saloias” nos fins-de-semana de inverno. Sim, era “por Loures” que se ia almoçar a uma tasca na Venda do Pinheiro ou na Malveira, seguida de lanche em Mafra, ou quem sabe um pôr-do-sol mágico numa velha Ericeira de ondas eternas mas despida de surfistas e turistas estrangeiros. 

Mais tarde, no início dos 90, já com a velha Virago 250, foi também pela N8 que eu e a geração a que pertenço muito aprendemos quanto à arte do motociclismo. A tal “voltinha saloia”, o passeio com aquela rara miúda que então gostava de andar de moto, as fugas nocturnas para a saudosa Green Hill na Foz do Arelho - mais do que uma discoteca uma absoluta instituição. 

Hoje a Nacional 8 é uma estrada em profunda crise de identidade e com graves sintomas de esquizofrenia. À saída de Lisboa a cidade invade, cada vez mais, o campo. Loures abre-nos a porta para uma espécie de nave espacial rural que vai ganhando dimensão à medida que a viagem se densifica. As suaves colinas e os belos vinhedos vão pautando o caminho. Até que chegamos a uma Torres Vedras cada vez mais parecida com uma qualquer Amadora ou Massamá (que me perdoem os Torrienses). A partir dali nova mudança de rumo, a secção até ao Bombarral foi alargada há alguns anos, a estrada perdeu classe mas ganhou “ares” de pista de velocidade, amada por muitos motociclistas da região de lisboa autodenominados “do aço”, seja lá isso o que for. 

Ultrapassadas as terras vinícolas surge a velhíssima Óbidos à esquerda. Óbidos terá sido tomada aos Mouros em 1148 e recebido a primeira carta de foral em 1195, sob o reinado de D. Sancho I. Fez parte do dote de inúmeras rainhas de Portugal, e foi lá que nasceu o concelho das Caldas da Rainha, anteriormente chamado de Caldas de Óbidos (a mudança do determinativo ficou a dever-se às temporadas que aí passou a rainha D. Leonor). Hoje mantem o charme mas está infestada de turismo alienado e apressado. 

“Conquistada” Óbidos, a N8 não mais se desliga do passado português. Caldas da Rainha – as termas e as artes plásticas, Aljubarrota - onde se afirmou Portugal -, Alcobaça e o seu Mosteiro - classificado como Património da Humanidade pela UNESCO e como Monumento Nacional desde 1910 – e já agora, porque não, o Mosteiro de Santa Maria da Vitória (mais conhecido como Mosteiro da Batalha) “um par” de quilómetros após o fim da Nacional 8. 

As estradas não se medem apenas aos quilómetros e, vista desta forma, tal como ela verdadeiramente é, esta 8 assume uma dimensão e uma riqueza singular no panorama das abandonadas e olvidadas Estradas Nacionais. 

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Quem, o quê, onde, como, quando e porquê – não necessariamente por esta ordem… 


A Estrada Nacional 8, também conhecida como “Estrada da Extremadura” está localizada nos distritos de Lisboa e Leiria e ligava originalmente Lisboa a Alcobaça. Apesar do seu troço entre Olival Basto e Frielas/Santo António dos Cavaleiros ter sido desclassificado, este ESCAPE considera que nos dias de hoje esta Estada Nacional tem o seu início no Padrão do Senhor Roubado, monumento situado em Odivelas localizado à saída da Calçada de Carriche, num pequeno largo junto à estrada que conduz ao centro da cidade de Odivelas (construído em 1744, após uma trágica história referente aos tempos da Inquisição) e o seu términus no Chão da Feira, a sul da Batalha, na rotunda que liga com a Nacional 1 (link). Foi por este ESCAPE percorrida de forma algo anárquica – para cima e para baixo, um par de vezes -, em meados de Novembro passado, aos comandos de uma Honda CRF1000L Africa Twin Adventure Sports que gastou pouco mais de cinco litros daquele líquido inflamável de que tanto o Estado gosta de carregar de impostos absurdos. A N8 é credora do nosso respeito. É um percurso absolutamente histórico que cruza uma paisagem natural e social riquíssima. Como outras estradas nacionais esta é também um bom exemplo de oportunidade perdida no que ao turismo diz respeito.

domingo, 16 de dezembro de 2018

Sétima Tertúlia do Escape

Tertúlia. É, na sua essência, uma reunião de amigos, familiares ou simplesmente frequentadores de um local, que se juntam de forma mais ou menos regular, para discutir vários temas e assuntos.

Nas Tertúlias do Escape pretende-se discutir motas, motociclismo e viagens. À maneira antiga. Longe dos teclados, cara a cara e com uma cafezada por companhia. 

Este ano a Tertúlia do Escape deu um o salto qualitativo e quantitativo em pleno inverno (link), quase meia centena de tetulianos deram-nos o prazer da sua visita e aproveitaram para conhecer a nova Triumph Tiger 1200. Noite que se repetiu com a Tiger 800 no passado Maio (link). No início do verão a Tertúlia recebeu os autores do Quilometro Infinito numa noite fantástica de casa cheia que deixou saudades (link). E, no final de Setembro passado recebemos o colectivo The Litas Lisbon, naquela que não tendo sido a Tertúlia mais concorrida foi definitivamente a tertúlia mais descontraída e até apaixonada (link). 

Apesar de estarmos em época natalícia, este ano de 2018 não podia terminar sem reunirmos, mais uma vez, os tertulianos. A sétima (quinta em 2018) Tertúlia do Escape vai acontecer já na próxima quarta-feira dia 19 de Dezembro, a partir das 20h30 no Espaço Rod’aventura, Avenida da Quinta Grande nº10-A, 2610-159 Alfragide - uma loja de acessórios de excelência e referência na Grande Lisboa, mas também um Espaço onde os motociclistas se podem reunir confortavelmente.

E voltará a haver novidades. Para além da hospitalidade da Rod’aventura, a Tertúlia do Escape terá o prazer e a honra de contar com a presença de Manuel Portugal. 

Motocilista, artista da guitarra, um dos dinamizadores do cada vez melhor Lisbon Motorcycle Film Fest mas, sobretudo, um caso à parte no que à fotografia de motos se faz por cá. Para além de tudo isto, que já não é nada pouco, Manuel Portugal é também o autor da YAW (link). A YAW é uma "não-revista" que, assumidamente, sai de vez em quando. A YAW deseja divulgar fotos, ilustrações, textos, que de outra forma ficariam na gaveta; trabalho de autor essencialmente ligado a uma noção de boa vida, alimentada a gasolina, junto à praia – nascida em Portugal mas como boa lusitana vai a qualquer lugar do mundo, sem fronteiras, sem amarras comerciais, limites de estilo, ou temas base. 

Estão todos convidados para esta que será, certamente a ultima Tertúlia do ano. Venham ouvir o Manel e conversar com ele. No dia 19 de Dezembro vamos encher o Espaço Rod’aventura. Todos são bem-vindos!
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